Indecência

Eder Asa


Maria José tirava a calcinha sem pudores.

Tirava e subia na mangueira, de vestido de chita.

Que vergonha dizia a mamãe

E dava cascudos nos meninos de baixo.

Mamãe morreu de desgosto

Quando Maria José tornou sua profissão

Tirar a calcinha e subir na mangueira.

Da Vizinhança

Cravo da índia



No quarto ela olha da janela a paisagem
Essa exitação viceral e o amante a ponto.
Juras de tesão fugaz como essa imagem,
Retrato versado de tesão, o micro conto.


Lembra o filme da vida a cada piscar
Que toca o horizonte, toca aquele mar.
Que antes quem sabe foi amor de índios...
Lembrou-se de seus dois amantes lindos,

Do primeiro vê sua genialidade sexual
Fortaleza em forma de um ser humano
Com tantas virtudes nesse hostil plano
Um herói, real jus a sua posição literal.

Do segundo é carne da unha com carne
Gemido é romance perto do que há ali
Suor embriagou os deuses do Olimpio
Vive, cresce e morre em gozo “haraquiri”.

Ante ontem amava seu Herói, no seu querido lar,
Ontem amara seu macho com dentes na jugular,
Hoje ainda amará sua poesia passional no paraíso
Já dissera que você é como uma alma de Dionísio?

Antes que seja preciso julgar o tesão
É preciso saber gozar, e tesão não é privado.
Mas também não é mal falado
Tesão é ser verdadeiro
Com o que sente
E sai
Da
Boca o beijo...

De respeito

Eder Asa

A Vida anda me molestando,
Passa a mão e aperta.
Pulo, grito - ai! - no susto do assédio.
O tapa vira, estala no dente
De um sorriso sacana.

Faz



Usa, abusa, se lambuza,
Pega, encosta, tira, põe,
Aperta, arranha, morde,
Usa, abusa se lambuza,
Sente como eu sinto, sente o que sinto
Torce, contorce, vai...

Febre

Ardendo em febre,
Deu-lhe sopa, sempre.
Quente como nu(n)ca
Estava um calor do inferno,
Graças a deus!

Lembrancinha II

Eder Asa

Não sigo recomendações
Cansei de moderações,
Uso o quanto devo.


Sou uma caixinha de surpresas:
O conteúdo é bem velado
Mas já te espero sem embrulho.

Peço-te

Peço em gemidos:
Rasga-me as roupas,
Toca-me aos poucos,
Leva-me ao abismo,
Boca a boca, corpo a corpo.
Como um só.

Laurice Mariano

Lembrancinha


Sou teu presente.
Tira-me o embrulho.
Mostro-te o conteúdo.

Atenção:
Use com cautela. O conteúdo pode te devorar.

A volta do Blues




    (inspiração: O Último Blues -Chico Buarque)


Já não é mais menina a mulher que você seduz,
E quando beija sua boca,
Você começa a fraquejar
Por onde toca seus lábios
Você começa a gostar, ela a se aproveitar
Deliram.
Rodopiando no salão
Os dois parecem um casal
mas é mentira.
Valsam competindo:
quem toca o ultimo blues.

Laurice Mariano

Endotérmica

Era o ápice do desejo.
Boca seca, lábios úmidos.
Pela tensão do momento o arrepio lastrava em seu corpo.
Me disse com fogo nos olhos:
- Defloro-te.
Em um sussurro,
derreti em seus braços.

Laurice Mariano

Investigação

Eder Asa
.
Preciso de todas as suas digitais,
De vasculhar suas genitais,
Detalhar seu DNA.
.
Esse seu sorriso suspeito,
Denuncia seu crime perfeito.

.

Eder Asa


Prendeu-me no feitiço de seus versos,
Perdi-me no emaranhado de seu pelos.


Deita-me no colo - aquieta!


- Vem, literal e literariamente,
Realizar meu sonho de poeta.

Arrepio

Eder Asa


Aproxima os lábios
Do meu ouvido,
Sopra palavras,
N’um português polido,
E oferece-se,
Numa frase nua.

Peço-te


Colha-me,
Como quem colhe a fruta no pé.
Morda-me,
E em sua boca, satisfeita estremeço.
Explora-me,
Como desbravador de meus fetiches.
Toca-me,
Com as mãos que me cobrem de desejo.
Deflora-me,
Como nunca antes.
Faça-me,
Sua amante, mulher.

Laurice Mariano

Na seca

Eder Asa


Se tomava banho pensando nele,
Ficava molhadinha.

Volúpia

Eder Asa


Morde-me,
                   com essa vontade que me olha.


Banha-me,
                   e de lamber [e cuspir] me molha.


Despe-me-te,
                       e de desejo me (i)lustra .


Deita-te,
               a tua cabeça entre as minhas, e chora.


Baila-te,
              nessa dança natural que chamamos de amor.

Ato I





Era intenso, único.
A vontade estava explicita nos olhos.
Poucos palpites, muito apetite.
Corpo a corpo se completavam.
Murmúrios e gemidos era a trilha sonora.
Na penumbra roupas pulavam rumo ao chão.
Mãos de desejo, corpos mergulhados no êxtase.
A ponta do pecado ritmava aquela noite.

Laurice Mariano

Virtual(mente)

Eder Asa




- Boa noite,
Eu gostaria de pedir uma puta.
Mas não quero puta qualquer,
Tem que ser uma mulher
Fina, linda e culta.

Que ela sussurre em meus ouvidos,
Depois de gritos e gemidos,
Palavras de Neruda.
Que me tire a bermuda,
Recitando Pessoa.

Deve adorar (e como!) Picasso!
Tem que ter peito de aço,
Mas macio, pra deitar.
Não deve se cansar jamais,
E se isso se acontecer,
Que mantenha o sorriso de quero-mais!

Ahh... Não se esqueça da bela voz,
Para cantar, quando a sós,
Afinada e candidamente.

Por favor, pode mandar esta puta,
Fiel e resoluta,
Por este mesmo e-mail.

Revolucionários




Resolveram lutar a favor da revolução.
Roupas foram rasgadas a dentes,
Olhares queimavam ao se detalhar,
Encaixando, tentavam se camuflar noite adentro.
A luta entre corpos era inevitável.
Entre gritos e sussurros arrastaram-se até o esgotamento.
Foram interrompidos pela chegada
Das autoridades maiores.

Laurice Mariano
Eder Asa

Ah, Helena sim agradava Gregos e Troianos. 

Celibato

Eder Asa


Ninguém suspeitava:
Por baixo d'aquelas roupas quentes,
Havia muito calor.

Na feira

Adorava ir à feira.
Pegava e apalpava,
Se estivesse no ponto levava pra casa e se deleitava.

Laurice Mariano